Códigos e cifras são tão antigos quanto
à civilização. Entretanto, começaram
a ser usados com mais frequência nas comunicações
humanas, cerca de dois mil anos atrás. Os
códigos foram responsáveis pela ascensão,
queda como morte de reis, rainhas e líderes.
A OPERAÇÃO
VINGANÇA
O almirante Isoruko Yamamoto foi um líder militar
japonês, e o responsável pela organização
e desfecho do ataque surpresa a Pearl Harbor em 7 de dezembro
de 1941, forçando os EUA a entrar definitivamente
na segunda guerra mundial. Com a perda da superioridade
japonesa no Pacífico, pela sua derrota
na batalha de Midway em junho de 1942, o almirante Yamamoto
foi obrigado a reagrupar o que havia sobrado das suas
forças. Em abril de 1943, decidiu fazer uma rápida
visita de inspeção e, também, para
levantar o moral das tropas japonesas em suas bases nas
ilhas do setentrional arquipélago Solomon. Para
tanto enviou aos seus pares os detalhes do seu itinerário,
cuja mensagem foi interceptada e decodificada pelo serviço
de inteligência americano que naquela altura já
havia finalmente conseguido decifrar o então impenetrável
código militar japonês JN-25. Com estes dados
disponíveis o alto comando militar americano liderado
pelo almirante Chester Nimitz planejou uma emboscada aérea
conhecida como "operação vingança"
e, assim, a 7:44 h. do dia 18 de abril de 1943, o avião
que conduzia o almirante Yamamoto, um bombardeiro denominado
no jargão militar americano como "Betty",
foi abatido na altura da localidade de Bougainville por
uma esquadrilha de caças P-38 que havia decolado
da base de Handerson Field cerca de 400 milhas de distância.
Sem dúvida alguma a criptoanálise mudou
os rumos da guerra no Pacífico |
A saga do Almirante
Yamamoto.
Cortesia: US Navy Historical Centre.
A MORTE ATRAVÉS DAS CIFRAS
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Tela pintada pelo sargento
Vaughn A. Bass baseado nas informações
do tenente-coronel Thomaz G. Lanphier Jr. ilustrando
o momento que o bombardeiro que conduzia o almirante
Yamamoto, codinome "Betty", é abatido
pelo caça do coronel Lanphier. Apesar da ferrenha
escolta aérea feita pelos famosos caças
"Zero" não impediu o êxito
desta ação militar ocorrida em 18 de
abril de 1943, que foi uma conseqüência
direta da decodificação das mensagens
japonesas, feita pelo serviço de inteligência
naval americano.
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A morte através das
cifras.
Cortesia: US Navy Historical Center EUA.
Nunca se usou tanto o expediente de códigos e cifras
como atualmente. Qualquer simples operação bancária
em um caixa eletrônico exige o emprego de uma senha
ou código pessoal.
Logo se materializa o conceito de se enviar mensagens enigmáticas,
onde o seu sentido verdadeiro é conhecido somente pelo
remetente e destinatário. Para efeito de alocação
histórica, ela tem início na renascença,
quando são estabelecidos os seus fundamentos teóricos.
Surge, assim, a criptografia, ou a ciência da escrita
enigmática através do emprego do código
e da cifra.
No código, as palavra ou palavras que compõe
uma determinada frase é substituída por uma
chave formada por palavras ou números - [palavra e
ou número chave] que por sua vez são relacionados
no tão conhecido e decantado "livro de código".
Para decifrar a mensagem ou criptograma é, portanto,
necessário em se ter o "livro de código"
pois caso em contrário a mesma se torna ininteligível.
TEXTO-FRASE CHAVE NUMÉRICA
CHAVE POR PALAVRA
|
A
|
9213
|
OFHX
|
BRIGADA
|
5392
|
DAIN
|
ENVIAR
|
6788
|
AMCE
|
PARA
|
7492
|
IGZY
|
RADIORRECEPTOR
|
5390
|
PQLN
|
Por conseguinte, a mensagem: ENVIAR UM RADIORECEPTOR PARA
A BRIGADA, é convertida para o seguinte criptograma:
CHAVE NUMÉRICA |
CHAVE POR PALAVRAS |
6788 5390 7492 9213 5392 |
AMCE PQLN IGZY OFHX DAIN |
Desta forma a principal diferença entre o emprego
de um código e de uma cifra é que enquanto o
primeiro atua com palavras ou frases completas, esta última
apenas com letras individuais aplicando-se os princípios
da transposição e substituição.
Nas comunicações militares, a mensagem cifrada
por transposição é um processo mais simples,
pois sendo na realidade um anagrama, consiste na reordenação
das letras do alfabeto que será usado para se grafar
o texto.
Anagrama
- uma palavra de origem grega onde Ana = voltar ou repetir
e grafo = escrever. Quando o objetivo e o anagrama resultante
formam uma frase completa, um til (~) é comumente
utilizado ao invés de um sinal de igualdade; e.g.,
Semolina ~ is no meal |
Assim, por exemplo, em um determinado texto original, a palavra:
SECRETO, ao ser cifrada passa agora a ser grafada como RSEETCO.
Por outro lado, na cifra por substituição o
alfabeto é primeiramente modificado, de forma que cada
letra corresponda agora a um símbolo, número
ou mesmo uma letra diferente, onde, por exemplo: b=x e x=b,
onde a palavra: SECRETO, torna-se agora: HVXIVGM.
ALFABETO CONVENCIONAL
|
ALFABETO CIFRADO
|
a
|
l
|
b
|
D
|
c
|
F
|
d
|
N
|
e
|
P
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
-
|
i
|
G
|
-
|
-
|
-
|
-
|
o
|
U
|
-
|
-
|
r
|
X
|
Dentro deste conceito, a palavra RÁDIO é grafada
como XINGU. Entretanto, no alfabeto com cifras simples, com
neste exemplo, o criptograma apresenta um caráter enigmático
repetitivo o que diminui consideravelmente a sua eficiência
de sigilo.
Para aumentar a sua eficiência enigmática, os
analistas em criptografia lançam mão do processo
de substituição através de um poli alfabeto.
Assim, em vez de cada letra do texto ser substituída
por apenas uma única cifra, neste processo combinado
ela pode assumir qualquer uma das 26 letras do alfabeto e,
por conseguinte adquirindo 26 diferentes tipos de cifras.
Na realidade este processo de codificação é
oriundo da conhecida taboa de Vigenère que facilita
o agrupamento das cifras que corresponde a cada caractere
do alfabeto original.
Por exemplo, se a palavra RÁDIO for escolhida como
a chave e, se no texto original for composto somente da letra
A, a codificação é feita da seguinte
maneira:
CHAVE
|
R A D I O R A D I O R A D I O
|
TEXTO ORIGINAL
|
A A A A A A A A A A A A A A A
|
CODIFICAÇÃO
|
U D K S V U D K S V U D K S V
|
Desta forma, a letra A, adquire, agora cinco caracteres
enigmáticos diferentes, ou seja U-D -K-S-V. Por outro
lado se a chave escolhida possuir dez diferentes tipos de
letras, conseqüentemente ela assumirá 10 diferentes
caracteres enigmáticos correspondentes no texto original,
garantido deste modo um elevado nível de sigilo do
criptograma.
Desde sua origem na renascença, com os trabalhos pioneiros
de Giovanni Battista Porta e Blaise de Vigenère, a
criptografia evoluiu, permitindo o aparecimento de complexos
sistemas de codificação, onde grupos de palavras
ou números chaves são previamente camuflados.
Assim, os livros de códigos são na realidade
pequenos vocabulários ou dicionários organizados
em ordem alfabética com os respectivos equivalentes
criptografados que são agrupados em letras ou números
de acordo com a extensão do código usado. Como
em qualquer dicionário bilíngüe possui
duas partes distintas; ou seja, aquela para a operação
de codificação e, outra, para a decodificação,
bem como os erros de transcrição foram previamente
avaliados e removidos o que melhora a sua eficiência
e praticidade.
Entretanto, em certas complexas operações de
transposição e substituição, bem
como devido à premência das transcrições,
geralmente exigida pelo grande fluxo de mensagens nas comunicações
militares, é necessário tornar ainda mais fácil
a sua aplicação prática.
Criptologistas militares em ação.
Uma das formas encontradas foi o emprego de processos automáticos
de codificações, geralmente, denominadas como
máquinas de codificação assistida.
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