8.6.1.2 - MÁQUINAS DE CODIFICAÇÃO ASSISTIDA
Um dos primeiros conceitos de máquina de codificação assistida foi desenvolvido no século XV por Leone Battista Alberti através do seu conhecido disco de cifras. Em sua concepção básica consiste de dois discos com diâmetros diferentes montados concentricamente, onde estão gravados as escalas com o alfabeto de forma que ao move-los em torno do eixo comum, as mesmas se relacionam entre si.
Assim, o disco de cifra permite de uma forma prática e fácil mudar as cifras, pois ao se deslocar às escalas entre si uma letra pode ser representada de 26 maneiras diferentes dependendo inteiramente da sua posição em relação à escala alfabética do disco central.
Ilustração do disco de cifras inventado em 1795 pelo então secretário de estado norte americano Thomas Jefferson.
Cortesia :Nacional Security Agency - EUA
Para usa-lo é necessário primeiramente que a chave ou cifra chave seja designada. Por exemplo, a letra A no alfabeto convencional pode ser relacionada como G no alfabeto codificado.
Sem duvida o disco de cifras inventado por Alberti permitiu o aparecimento do processo de codificação usando cifras polialfabeticas, bem como, mais tarde, vêm influenciar outros em empregar o seu conceito de codificação assistida, como aquele desenvolvido em 1795, pelo então secretário de estado norte americano Thomas Jefferson.
A máquina de codificação assistida desenvolvida por Jefferson consistia de 25 discos de madeira os quais giram em torno de um eixo comum. Para torna-los individuais, em cada disco de madeira as 26 letras do alfabeto foram gravadas de forma aleatória.
Apesar de ser um sistema de codificação assistido revolucionário para a época, não foi bem compreendido, de forma somente um século mais tarde foi reinventado pelo criptologista francês Etienne Bazeries.
Conhecido como cilindro de Bazeries, era composto de um conjunto com cerca de 20 ou mais discos numerados onde em seus rebordos estavam gravados diferentes alfabetos codificados. Como são montados em um eixo comum, por sua vez os discos podem ser reordenados nas mais variadas seqüências numéricas. Assim, cada nova seqüência se define a cifra chave do conjunto de discos.
Uma máquina de codificação assistida, compactas, semelhantes a
uma máquina de escrever portátil no final da segunda guerra mundial.
Cortesia: Coleção Antonio Fucci.
Para codificar a mensagem, o texto original é reproduzido por uma determinada fila de discos. Em seguida por meio de outra fila é selecionado o texto cifrado. Para a sua decodificação, os discos são colocados na mesma pré-estipulada seqüência numérica; em seguida eles são girados de forma que a mensagem codificada possa ser agora visualmente desmembrada em torno desta linha de discos.
Na realidade a velocidade era a única vantagem destes simples dispositivos de codificação. Como anteriormente visto, devido à premência das transcrições, geralmente exigida pelo grande fluxo de mensagens nas comunicações militares, cada vez mais os exércitos e forças armadas sentiram a necessidade de novos tipos de máquinas de codificação assistida.
Assim logo após a primeira guerra mundial elas foram produzidas nos mais diversos países e, a partir de 1935 atingiram um sofisticado grau de eficiência.
Muitos destes aparelhos foi produzido na Alemanha e Suíça, cujo conceito básico era a codificação assistida por meio de substituição poli-alfabética, empregando extensas cifras chaves, alguns com milhares de séries de letras incoerentes.Fornecidos em vários tipos, os menores de operação manual não podiam imprimir mensagens enquanto que os maiores, eram eletricamente acionados e possuíam um teclado idêntico aos usados nas máquinas de escrever.
No final dos anos trinta a maioria das grandes nações já possuía em suas forças armadas máquinas de codificação assistida, muitas delas bastante compactas semelhantes a uma máquina de escrever portátil.

Durante a segunda guerra mundial surgem as máquinas de codificação assistidas usando de teletipos ligados a uma caixa de codificação automática. Dentre as mais famosas destaca-se aquela desenvolvida pelos japoneses, conhecida no jargão militar como "PURPLE".
A famosa máquina de codificação assistida desenvolvida pelos japoneses e conhecida sob o nome de código - "Purple".
Cortesia: Nacional Security Agency - EUA
Painel mostrando a chave de cifras de operação eletromecânica da máquina de codificação assistida "Purple".
Cortesia: Nacional Security Agency - EUA
Entretanto, todos os sistemas de códigos, cifras bem como as máquinas de codificação assistida anteriormente comentados ainda operavam com o sistema lógico, conhecido como algoritmos de chave simétrica, no qual cifra-chave na forma de um algoritmo diferenciado, era necessário tanto para codificação como decodificação da mensagem e, portanto, deveria ser mantido em sigilo.



Algoritmo (al-Khwärizmï), em palavras simples consiste de uma seqüência de instruções bem definidas, necessárias para realização de uma determinada tarefa. Etimologicamente o termo adveio de (al-Khwärizmï) sobrenome do matemático persa - Abu 'Abd Allah Muhammad ibn Müsä al-Khwärizmï.

Na década de 1970, surge um novo conceito de codificação conhecido como algoritmos de chave assimétrica. Nele, o criptograma é feito por meio de chaves matematicamente relacionadas de forma que cada qual decodifica a mensagem usando uma outra. Desta forma algum dos algoritmos usado tem uma propriedade adicional onde um par de chaves não pode ser deduzido de outro por qualquer método conhecido a não ser por tentativa e erro.
Portanto, para um determinado criptograma ao se designar as duas cifras-chaves sendo uma sigilosa e, a outra como pública, a transmissão pode ser feita por meio de qualquer canal de comunicação, pois enquanto perdurar o sigilo da cifra-chave, aquela definida como pública pode ser usada indefinidamente sem comprometer a segurança da mensagem. Na realidade com algoritmos de chave assimétrica é possível comunicação segura através de um canal inseguro.
É interessante notar que este novo conceito de codificação desenvolvido em conjunto por Whitfield Diffie e Martin Hellman em 1976 ao popularizar o uso dos princípios da codificação deu novos rumos políticos a criptografia, pois sem dúvida quebrou o longo monopólio até então de competência somente dos governos.
Atualmente o domínio público da criptografia pode ser sentido em diversos avanços tecnológicos modernos. Dentre eles se tem os sistemas de codificação: A5/1 e A5/2 usados em telefones celulares operando na tecnologia GSM; Content Scramble System (CSS) para codificação e controle de dados gravados em discos DVD ou digital video disc.