9.2 - O TUBO DE RAIOS CATÓDICOS
O tubo de raios catódicos foi possível graças aos trabalhos de vários pesquisadores. Assim, a primeira aplicação dos raios catódicos, ou seja, a emissão de elétrons do filamento aquecido em vácuo ou devido ao bombardeamento do catodo pela ação de íons positivos em um tubo de descarga com a finalidade de medição foi apresentada por Karl Ferdinando Braun em 1897 quando projetou o tubo que leva o seu nome. (a)
Este consistia de um catodo (K), um anodo (A) inserido lateralmente e, um diafragma (c) para a conformação anular do feixe eletrônico o qual incide sobre o anteparo de mica (D), cuja face é recoberta com uma substância mineral fluorescente que, ao sofrer bombardeamento dos elétrons, projeta sobre a tela (E) um ponto luminescente. Por sua vez, o ponto pode ser defletido em qualquer direção, vertical e horizontal, por meio de um campo magnético ou eletrostático, de maneira a reproduzir na tela fluorescente dois fenômenos elétricos interrelacionados, como por exemplo, o aumento linear de uma corrente em função do tempo, dando assim origem ao oscilógrafo de raios catódicos (b)
Mas, além de ser usado nesses tipos de medições, o tubo de Braun podia ainda ter outras aplicações. Assim, o ziguezague do feixe eletrônico sobre a tela, originando o chamado efeito varredura, devido à influência do campo magnético ou eletrostático, servia, também,  para reproduzir imagens em preto e branco, na forma de um padrão de linhas, variando-se sua intensidade de acordo com a luminosidade do objeto.
Desde a sua invenção em 1894, o tubo de Braun sofreu constantes modificações tecnológicas contribuindo para o aparecimento do moderno cinescópio. ©
No início da década de 1950, os tubos de raios catódicos eram ainda circulares com telas não maiores que 23 cm, produzindo imagens muito reduzidas. Para compensar estas deficiências, os primeiros receptores de TV eram do tipo tela projetada: no qual a imagem do tubo de raios catódicos era projetada sobre uma tela opaca através de um sistema ótico que, em contrapartida, reduzia consideravelmente sua luminosidade. (d)
Atualmente, as telas são recobertas com complexas misturas de fósforo em presença de ativadores, que aumentam a eficiência luminosa. Recebem ainda um tratamento superficial denominado de "metal backing" que consiste de uma tênue camada de alumínio que atua como elemento refletor, concentrando o feixe luminoso. (e)
Devido ao constante desenvolvimento tecnológico, o cinescópio tradicional logo estará sendo substituído pelas novas telas empregando a tecnologia LCD e de Plasma.
As telas em LCD empregam milhares de sensores de cristal líquido, cuja resposta luminosa ultrarápida será controlada por filtros de cor. Um dispositivo estado sólido semelhante a um transistor transparente, na forma de uma película com espessura de 0,3 micrometro fornecerá as tensões apropriadas em intervalos de milésimos de segundo, possibilitando obter imagens coloridas de alta resolução, em dimensões extremamente reduzidas. (f)

(a) Esquemático do tubo de Braun, projetado em 1897.
The Saga of Vacuum Tube

(b) A descoberta dos raios catódicos:
Foi oriunda do desenvolvimento da teoria atômica. Por volta de 1830, Faraday desenvolve a teoria da materialidade das cargas elétricas, onde cada valência química de um átomo deveria estar associada a uma partícula portadora de uma determinada quantidade fundamental de eletricidade. Esta hipótese foi mais tarde confirmada pela experiência de Crookes, que consistia em se ligar os polos de uma fonte elétrica de alta tensão  a duas  placas metálicas situadas dentro de um tubo de vidro  provido com uma bomba de vácuo. Ao se fazer a rarefação no tubo de vidro aparecia uma coluna luminosa ao mesmo tempo  em que as suas paredes emitiam uma fraca luz esverdeada denominada de fluorescência, que na realidade era devida a  uma radiação invisível emitida pelo catodo originando assim o termo: raios catódicos.
(b2) O tubo de Crookes
c) Esquemático de um moderno tubo de raios catódicos.

d) Esquemático de um tipo de projeção de imagem de TV.

(e) Ilustração de um tubo de raios catódicos modelo MW6-2 fabricado pela Philips e, usado nos primeiros televisores de tela projetada.

(f) O princípio de operação de uma micro-tela provida com sensores ce cristal líquido.

(g) Propaganda da revista Communication, Fev. de 1939.