11.8.1 - UM BREVE RETROSPECTO HISTÓRICO E CIENTÍFICO
No ano 600 AC, o filósofo grego Thales de Mileto observou que a resina fóssil âmbar quando atritada com substâncias têxteis tornava-se imbuída com a propriedade de atrair corpos leves. Elétron é a palavra grega para âmbar de onde naturalmente foi derivada a palavra Eletricidade. Entretanto, esta propriedade do âmbar permaneceu um fato isolado por mais de 2000 anos.
Fig. 347 - Ilustração de um primitivo tipo de máquina eletrostática.

No início do século XV, o médico particular da rainha Elizabeth, William Gilbert, descobriu que muitas substâncias quando atritadas, comportava-se como o âmbar e, assim, escreveu um tratado em Latim sobre o assunto: “De Magnete” onde denominou estas substâncias como: “elétricos” e, o estado elétrico ou de eletrificação adquirido pelas mesmas de: “vis electrica”.
No inicio do século XVII médicos europeus usavam cargas elétricas produzidas por máquinas eletrostáticas como métodos de terapia para muitos problemas envolvendo dor e disfunções circulatórias. Fig. 347

Apesar de ser um conhecimento antigo foi somente com o desenvolvimento da Eletrologia a partir do século XVIII que se iniciou os estudos bem como desenvolvimento de métodos para a medição e registros dos fenômenos elétricos de natureza biológica. Assim, por volta de 1762 o médico fisiologista italiano Luigi Galvani durante uma experiência com uma rã, tocou acidentalmente com o bisturi no nervo da perna dissecada notando com espanto a sua contração. A perna dissecada foi então, colocada próxima de uma máquina eletrostática e, a cada movimento do aparelho, ao gerar cargas elétricas, notava-se as mesmas contrações musculares. Subseqüentemente, agora, sem qualquer interferência elétrica externa, ele tocou o nervo e os músculos da perna dissecada, respectivamente com uma barra de zinco e cobre as quais estavam interligadas, quando notou as mesmas contrações. Desta experiência concluiu que havia descoberto a Eletricidade animal. Seu pronunciamento causou sensação
Fig. 348 - Ilustração da experiência de Galvani.
Fig. 349 - O poliscópio, precursor do moderno endoscópio.
nos meios científicos da época. Entretanto, esta hipótese foi logo contestada por outro cientista italiano, Alessandro Volta, o inventor da primeira pilha elétrica. Na realidade o que Galvani havia realmente descoberto foi o fluxo da Eletricidade pela corrente gerada quando dois metais diferentes estão em contato. Apesar do equivoco da sua hipótese, esta experiência tornou-o famoso de maneira que seu nome está relacionado com diversos termos em Eletricidade como: corrente galvânica, galvanismo e o galvanômetro. Fig. 348
A partir da segunda metade do século XVIII, com a descoberta do eletromagnetismo, começam aparecer as aplicações práticas da Eletricidade no campo da medicina. Assim em 1851, John Marschall introduz um dos primeiro tipos de cautério elétrico usado para fins cirúrgicos. Na França, em 1872, surge uma técnica de cauterização da glândula lacrimal através de um aparelho alimentado por bateria originalmente desenvolvida por M.G. Planté. O poliscópio, precursor do moderno endoscópio, inventado na França por M. Trouvé. Basicamente consistia de uma bateria provida com um reostato ligado a um filamento de platina. O aparelho podia ser usado tanto para iluminação de cavidades escuras quando usava refletores esféricos, parabólicos ou côncavos, como cautério elétrico. Fig. 349
Em 1876, O Dr. Duchenne, de Bolonha desenvolve um aparelho elétrico estimulador de músculos. Para localizar estilhaços, fragmentos metálicos em pessoas feridas. M. Hughes inventa em 1881, um tipo de estetoscópio elétrico. Entretanto, a primeira grande e efetiva contribuição dos fenômenos elétricos para a medicina foi à descoberta dos Raios-X.